Termoaçu continua sem funcionar
Enquanto não receber o chamado ‘‘despacho elétrico’’ do Operador Nacional do Sistema Elétrico nem começar a produzir as 600 toneladas/hora de vapor que tem capacidade, a usina Termoaçu continuará completamente parada, apesar de as instalações operacionais estarem prontas. O projeto da Petrobras e do grupo Neoenergia ainda não entrou em funcionamento porque, conforme explica o presidente da Termoaçu, Francisco Queiroz, o ONS ainda não enviou o despacho (uma espécie de autorização) necessário à produção.
A permissão só poderá ser dada quando a capacidade de armazenamento de água das hidroelétricas brasileiras estiver abaixo da média, o que, por enquanto, só aconteceu em algumas usinas da região Sudeste. Enquanto o despacho não vem, a Termoaçu aguarda o término das obras da Petrobras e da própria usina na área de produção de vapor de água para que a operação se inicie e, assim, seja possível fabricar energia elétrica sem a necessidade do documento.Com capacidade de geração de 340 megawatts de energia, mais da metade da necessidade do Rio Grande do Norte (600 MW), a Termoaçu segue parada mesmo após três meses da inauguração. No entanto, para honrar o contrato de fornecimento de energia elétrica de 266 megawatts/hora com a Cosern e a Companhia Elétrica da Bahia (Coelba), que tem duração até 2028, a usina está comprando energia de outros geradores.
‘‘Estamos comprando de outras usinas que têm energia disponível porque enquanto não tivermos o despacho não podemos produzir. Como ainda não produzimos vapor, dependemos dessa autorização. Mas no segundo semestre de 2009 devemos iniciar a produção de vapor de água e começar com pelo menos metade da capacidade de produção de energia elétrica’’, detalha Queiroz.
A situação é, no mínimo, desconfortável para um projeto que recebeu R$ 735 milhões em investimentos e é cotado como o maior de co-geração de energia elétrica e vapor da América Latina.
Conforme explica o presidente da usina, toda a estrutura de produção de energia elétrica foi concluída, faltando apenas a parte de geração de vapor. Apesar de pronta para operar, a Termoaçu não recebeu o despacho que algumas usinas de outras regiões do país receberam.
Questionado sobre a razão de a Termoaçu não ter sido contemplada, Queiroz diz que vários fatores influem na decisão do ONS - desde a localização da termoelétrica até o custo de geração de energia. ‘‘Talvez eles estejam precisando de mais energia no Sudeste e não no Nordeste’’, argumentou ainda. Mas a espera tem prazo para terminar: a partir do segundo semestre de 2009, um ano depois de inaugurada, a usina deve iniciar a produção de vapor e energia elétrica. De início, deverão ser produzidos cerca de 170 megawatts de energia, para cerca de três meses depois a usina operar com a capacidade total.
De vapor, deverão ser fabricadas 600 toneladas/hora, que serão todas entregues à Petrobras para injeção contínua em poços de extração de petróleo, o que possibilitará à estatal aumentar sua produção em 12 mil barris/dia em Alto do Rodrigues.
A Termoaçu será abastecida pelo gás natural oriundo do Rio Grande do Norte, do gasoduto Nordestão na região que compreende os estados de Sergipe e Bahia e do gás natural liquefeito (GNL) vindo do Ceará. Serão necessários 2,1 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia para fazer a usina funcionar.
Memória
As obras de construção da usina Termoaçu começaram em 2002, no sítio São José, no município de Alto do Rodrigues, distante cerca de 240 quilômetros de Natal. Fruto de uma parceria entre a Petrobras e a Neoenergia, que detêm, respectivamente, 79,5% e 20,5% das ações, o projeto sofreu diversas paralisações ao longo dos últimos cinco anos e só foi inaugurado em setembro passado.
A usina tem capacidade para produzir 340 megawatts de energia elétrica, mais da metade da necessidade de consumo do estado, que é de 600 megawatts. Ao se somar com as novas usinas eólicas que estão sendo implantadas no litoral potiguar, o estado passará a exportar o excedente de energia e se libertará da condição de importador.
De acordo com a Petrobras, na construção da usina, durante o período de pico, foram gerados 2.300 postos de trabalhos diretos, dos quais 1.100 ocupados por trabalhadores do Vale do Açu e de outras regiões do RN.
Louise Aguiar
Da equipe do Diário de Natal